Quando o autor coloca um ponto final no texto, uma nova história começa a ser contada.

É o momento em que a leitura vai além do ponto...

Inajá Martins de Almeida

quinta-feira, 2 de maio de 2024

O HOMEM A PROCURA DE SI - Rollo May

 "Quanto mais profundamente confrontarmos e sentirmos a riqueza acumulada da tradição histórica, tanto mais conheceremos e seremos nós mesmos... e, quanto mais a pessoa se aprofunda em sua própria experiência, mais originais são as reações e os resultados... Rollo May - "O homem a procura de si" (págs. 172/173) 

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O resgate dos meus apontamentos, podem me levar a encontros; decorridos anos, são eles que continuam a me escrever e escrevo.

Em junho de 2018, o livro em mãos dava-me subsídios para abstrair falas, quando após vários anos na confecção do "Álbum das Bandas de Araras", concluído sua edição em agosto de 2017, pude me ver envolvida com um passado que, embora não fosse diretamente ligado a mim, posto que a obra era de meu pai historiador, percebi que ao resgatá-la pude entender que 

"o homem é ao mesmo tempo herdeiro dos tempos passados e depositário da posteridade..." (idem pág. 214) 

ademais, 

"a memória não é apenas uma impressão do passado; é a guardiã de tudo o que é significativo em nossas mais profundas esperanças e temores... " (idem pág. 214) 

porque

"o homem não vive apenas no presente... e uma das características singulares do homem é poder colocar-se fora do presente e projetar-se no futuro ou então no passado..." (idem pág. 214) 

Aliás, a despeito da data, distante em seis anos, o retorno aos apontamentos me é por demais significativo, pois que muitos eventos foram agregados a partir do lançamento do Álbum - entrevistas, linhas do tempo, convites a participar de rodas de conversas, distribuição de exemplares à escolas, bibliotecas e pessoas ligadas a cultura e educação. Daí se pode perceber, retornando as linhas de Rollo May:

... "O passado tem significado quando o ilumina, e o futuro quando o torna mais rico e mais profundo..." (pág. 220)

Assim é que:

"... um acontecimento passado existe agora porque alguém está pensando nele no momento, ou está sendo por ele influenciado... (idem pág. 220) 

Além do que o livro - O homem à procura de si - sempre em mãos, as linhas grifadas, os apontamentos me são singulares, pois que posso perceber o quanto registrar o passado é importante para o resgate da memória e o Álbum das Bandas, por nós editados - Matilde e eu - pode me representar, muito embora, inicialmente escrito por meu pai, o historiador, agora ele me é parte integrante do seu legado. Uma herança que agora se torna patrimônio a ser preservado por mim, sua depositária.     

E o livro não se esgota. A leitura captura meu sentir pleno. Os apontamentos, os grifos requerem outras escritas pois que:

"Todo bom livro é uma obra de aperfeiçoamento pessoal, ajudando o leitor, que ali vê sua imagem e experiências projetadas, a estudar sob nova luz os seus problemas de integração - Rollo May - prefácio "O homem a procura de si". 


quinta-feira, 25 de abril de 2024

A MENINA DA VARANDA - Leo Cunha

Encontros nos são inesperados. Quantas vezes capturam-nos a mente, a alma e os sentidos e nos colocam tempo a refletir, a compartilhar, a compor outras linhas. Ademais, um título, por sua vez, pode percorrer os labirintos do ser e resgatar memórias incontidas, nos profundos calabouços da alma.

Quantas são as situações que nos colocam entre as meninas de branco, de rosa, as quais podem ser referenciadas por quem as vê, mas não legível para quem apenas observa quem fala - geralmente num leito de hospital,  em camas, quando quartos são transformados em palco para um porvir, apenas visível para quem está entre o limiar da transição; entre o real, que se pode perceber, e o invisível, um tanto quanto confuso e difuso para quem observa.

Daí, o texto vem ao encontro da nossa própria solidão, do abandono, dentro dos próprios lares, dos nossos mais queridos. A solidão da ausência, do abraço, da presença que se almeja, da compreensão que nem sempre é possível. Da fala que se cala no peito sem respaldo, sem diálogo. Da interrogação que procura resposta em vão.

Quantas Cecílias podem ser encontradas em apartamento luxuosos ou modestos, em casas, casebres, ou mesmo em quartos compartilhados com outras tantas personagens anônimas, que se abandonaram ou foram abandonadas pelas circunstâncias aquém do percurso.

Eis que "A menina da varanda" me ofusca os sentidos, captura-me pelo título, pela capa, pela mensagem, e, a partir de então, ainda que não tenha o livro em mãos, a internet me representa o encontro com áudios, releases, fotos e as quero presente neste espaço, quando minhas linhas podem percorrer o texto e alongar em nova fala, dentro do próprio contexto.    

Adentro algumas sinopses e as trago para minha composição: 



clique sobre a foto para ampliá-la
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Que surpresa uma janela pode revelar? Uma menina? Um anjo? Não importa. Com uma linguagem extremamente lírica, o autor expõe, em A menina da varanda, a solidão da velhice e uma forma pouco mostrada de abandono: a dos pais, após anos de dedicação aos filhos.

Quando os filhos não fazem mais companhia, os óculos não servem mais e a solidão passa a ser uma realidade, basta existir alguém para ouvir, mesmo que seja uma criança desconhecida, vista de relance, entre a correria da cidade. O jornalista Leo Cunha conta, em seu novo infantil A menina da varanda, uma história delicada, com vários ângulos e poucas certezas. Uma metáfora sensível sobre o tempo que passa, o tempo que falta e o tempo que nos resta. 

Leo Cunha apresenta o leitor a uma pianista aposentada que encontra um novo significado para a sua vida, ao estabelecer uma ligação virtual com uma menina desconhecida, moradora de um prédio em frente ao seu. Lá em cima, no décimo andar, a velha pianista só enxerga prédios e mais prédios da cidade imensa, e pra piorar, o inverno está chegando.

Mas tudo pode mudar quando a pianista descobre uma novidade no prédio em frente: a menina da varanda. A partir de agora, a pianista vê um alguém com quem conversar, contar suas histórias e desfiar suas lembranças. Uma pessoa para lhe fazer companhia enquanto seu próprio filho vive ocupado e mal acha tempo pra uma visita, um abraço.

Jornalista e professor universitário, Leo Cunha já publicou Suas obras receberam prêmios importantes, como o Nestlé, o João-de-Barro, o Jabuti, entre outros. Leo, que é também tradutor de vários livros infantis e juvenis, nasceu e mora em Minas Gerais, onde busca inspiração para a maioria de suas histórias e poemas. Casado, tem uma filha chamada Sofia, a quem dedica esta história. 


fonte: https://www.amazon.com.br/MENINA-VARANDA-Leo-Cunha/dp/8501055697

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E eis que me vejo, também, numa janela, quando parte da Rodovia Anhanguera demonstra movimento de carros, caminhões, enfim, de um trânsito ininterrupto no seu vai-e-vem constante. E penso o que uma janela pode me revelar eu que já estive num oitavo andar, a compor minhas solidões, minhas expectativas, meus sonhos, minha visão de passado - que a memória insiste em resgatar constantemente - num presente que se compõe e recompõe em reconstruções necessárias, neste segundo andar, deste condomínio que se apresenta promissor para criação de meus planos futuros, ao fitar o azul do céu, ou mesmo a lua cheia desta manhã, quando o registro se fez necessário, através da janela.

E, quantas vezes, a fala advém do cenário que se mantém todo aberto aos meus devaneios, às minhas pontes, pouco a pouco sendo reconstruídas, numa comunicação prazerosa, repleta de signos e significados para este outono que avança constante, ainda que seja apenas no imaginário de figuras fictícias que me vem servir de amigos, de ouvintes, muito embora a prima Matilde possa me fazer companhia constante - aliás, há anos somos parceiras em nossos trabalhos, em nossas conversas, razão pela qual a solidão, quantas vezes é dissipada, pois que podemos compactuar memórias familiares, passeios prazerosos, compromissos diários, o que nos torna menos solitárias, menos propensas aos amigos imaginários entre varandas; sim, agora temos uma varanda repleta de plantas, janela aberto ao horizonte.  


Logo ao raiar do dia, o magnífico espetáculo da lua a brilhar adentrando quarto, varanda, ao se deixar fotografar. 

Este é o momento em que da varanda do apartamento, uma nova perspectiva se abre toda a mim.  Os momentos me são propícios aos registros, os quais os quero aproveitar em sua plenitude.

Agradecer cada amanhecer. Agradecer cada olhar através da janela, por entre as grades sempre almejando a liberdade que somente o eterno nos pode proporcionar.

Este é um aparte que se faz necessário para que a menina, que há dentro de mim,  possa olhar através da varanda. 

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Por sua vez, o piano, ao lado, contrapõe as notas que soam em meio à solidão de ausências. Notícias que não chegam. Telefone que não toca. 

O computador, disposto na sequência, consegue atenuar ausências, saudades e sigo avante, compondo meus retalhos de existência que se prolonga em décadas, num espaço que procuro manter cada vez mais arejado, claro, vibrante de memórias, as quais, aos poucos posso dar novos coloridos, aos momentos sombrios que tentam afetar minha mente.

Assim é que, nesta manhã quente de outono, a menina da varanda pode me encontrar e tecer em mim memórias incontidas, de um quarto, que a cada dia tem se tornado mais familiar aos meus anseios. Além do que as manhãs, ao contemplar os prédios, os espaços abertos, recortados por plantas, a me fazer sentir numa vilazinha, ou mesmo numa praia, sem mar, o céu azul, as vozes que soam, trazem alento de que não se está só e é possível contemplar a beleza através da janela, ou mesmo alcançando a varanda.        

 

  



sábado, 2 de março de 2024

AUTOPSICOGRAFIA - análise

Poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa (análise e significado)

 

Revisão por Rebeca Fuks - Doutora em Estudos da Cultura

 

O poema Autopsicografia é uma obra poética da autoria de Fernando Pessoa que revela a identidade de um poeta e aborda o processo de escrever poesia.

Os versos, escritos em 1 de abril de 1931, foram publicados pela primeira vez na revista Presença número 36, lançada em Coimbra, em novembro de 1932.

Autopsicografia é uma das poesias mais conhecidas de Fernando Pessoa, um dos maiores poetas da língua portuguesa.

Descubra abaixo uma análise dos tão consagrados versos pessoanos.

Poema Autopsicografia na íntegra

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

 

Interpretação do poema Autopsicografia

Uma psicografia consiste numa representação de fenômenos psíquicos ou na descrição psicológica de alguma pessoa. "Auto", por sua vez, é um termo usado para designar quando nos referimos a nós mesmos transmitindo a noção de si próprio.

Desta forma, é possível dizer que com a palavra "autopsicografia", o autor pretende abordar algumas das suas características psicológicas. O poeta mencionado nesta obra poética é, portanto, o próprio Fernando Pessoa.

Na primeira estrofe é possível verificar a existência de uma metáfora que classifica o poeta como um fingidor. Isso não significa que o poeta seja um mentiroso ou alguém dissimulado, mas que é capaz de se transformar nos próprios sentimentos que estão dentro dele. Por essa razão, consegue se expressar de maneira única.

O poeta é um fingidor

Finge tão completamento

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras


Se no senso comum o conceito do fingidor costuma ter um significado pejorativo, nos versos de Fernando Pessoa temos a noção de que o fingimento é um instrumento da criação literária.

Segundo o dicionário, fingir vem do latim fingere e significa "modelar na argila, esculpir, reproduzir os traços de, representar, imaginar, fingir, inventar".

A capacidade de fingir de Fernando Pessoa explica a criação dos vários heterônimos pelos quais ficou conhecido. Os mais famosos heterônimos pessoanos foram Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis.

Fernando Pessoa consegue abordar várias emoções e se transformar em cada uma delas, criando assim diferentes personagens com formas distintas de ser e de sentir.

E os que leem o que escreve,

Na dor lida sentem bem, 

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.


Vemos na segunda estrofe que a capacidade do poeta de expressar certas emoções desperta sentimentos no leitor. Apesar disso, o que o leitor sente não é a dor (ou a emoção) que o poeta sentiu nem a que "fingiu", mas a dor derivada da interpretação da leitura do poema.

As duas dores que são mencionadas são a dor original que o poeta sente e a "dor fingida", que é a dor original que foi transformada pelo poeta.

Na terceira e última estrofe, o coração é descrito como um comboio (trem) de corda, que gira e que tem a função de distrair ou divertir a razão. Vemos neste caso a dicotomia emoção/razão que faz parte do cotidiano do poeta. Podemos então concluir que o poeta usa o seu intelecto (razão) para transformar o sentimento (emoção) que ele viveu.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.


Autopsicografia é erguido a partir de um jogo de repetições que cativa o leitor e o leva a querer saber mais sobre a construção do poema e sobre a personalidade do poeta.

Podemos afirmar que se trata de um metapoema, ou seja, um poema que se dobra sobre si mesmo e tematiza as suas próprias engrenagens. O que transparece para o leitor são os mecanismos de composição da obra, dando ao leitor um acesso privilegiado aos bastidores da criação. O prazer é obtido justamente do fato do poema explicar-se generosamente ao público.

Estrutura do poema Autopsicografia

O poema é composto por três estrofes, com 4 versos (quartetos) que apresentam rima cruzada, sendo que o primeiro verso rima com o terceiro e o segundo rima com o quarto.

Relativamente à escansão do poema Autopsicografia (a sua métrica), o poema se qualifica como um redondilha maior, o que significa que os versos são heptassílabos, ou seja, têm 7 sílabas.


Sobre a publicação de Autopsicografia

Os consagrados versos de Fernando Pessoa foram publicados pela primeira vez na revista Presença número 36.

A edição foi lançada em Coimbra, em novembro de 1932. O poema original foi escrito no dia 1 de abril de 1931. 


fonte:

https://www.culturagenial.com/poema-autopsicografia-de-fernando-pessoa/

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CINCO POR CENTO

 

Cinco por cento

Tínhamos uma aula de Fisiologia na escola de medicina logo após a semana da Pátria. Como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado prolongado, todos estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e a excitação era geral. Um velho professor entrou na sala e imediatamente percebeu que iria ter trabalho para conseguir silêncio. 

Com grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que minha turma correspondeu? Que nada. Com um certo constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio educadamente. Não adiantou, ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa. Foi aí que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já presenciei. 

"Prestem atenção porque eu vou falar isso uma única vez", disse, levantando a voz e um silêncio carregado de culpa se instalou em toda a sala e o professor continuou. 

"Desde que comecei a lecionar, isso já faz muito anos, descobri que nós professores, trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. 

Em todos esses anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que fazem alguma diferença no futuro; apenas cinco se tornam profissionais brilhantes e contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os outros 95% servem apenas para fazer volume; são medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil. O interessante é que esta percentagem vale para todo o mundo. 

Se vocês prestarem atenção notarão que de cem professores, apenas cinco são aqueles que fazem a diferença; de cem garçons, apenas cinco são excelentes; de cem motoristas de táxi, apenas cinco são verdadeiros profissionais; e podemos generalizar ainda mais: de cem pessoas, apenas cinco são verdadeiramente especiais. 

É uma pena muito grande não termos como separar estes 5% do resto, pois se isso fosse possível, eu deixaria apenas os alunos especiais nesta sala e colocaria os demais para fora, então teria o silêncio necessário para dar uma boa aula e dormiria tranquilo sabendo ter investido nos melhores. 

Mas, infelizmente não há como saber quais de vocês são estes alunos. Só o tempo é capaz de mostrar isso. 

Portanto, terei de me conformar e tentar dar uma aula para os alunos especiais, apesar da confusão que estará sendo feita pelo resto. 

Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo pertencerá. Obrigado pela atenção e vamos à aula de ".

Nem preciso dizer o silêncio que ficou na sala e o nível de atenção que o professor conseguiu após aquele discurso. Aliás, a bronca tocou fundo em todos nós, pois minha turma teve um comportamento exemplar em todas as aulas de Fisiologia durante todo o semestre; afinal quem gostaria de espontaneamente ser classificado como fazendo parte do resto? 

Hoje não me lembro muita coisa das aulas de Fisiologia, mas a bronca do professor eu nunca mais esqueci. Para mim, aquele professor foi um dos 5% que fizeram a diferença em minha vida. 

De fato, percebi que ele tinha razão e, desde então, tenho feito de tudo para ficar sempre no grupo dos 5%, mas, como ele disse, não há como saber se estamos indo bem ou não; só o tempo dirá a que grupo pertencemos. 

Contudo, uma coisa é certa: se não tentarmos ser especiais em tudo que fazemos, se não tentarmos fazer tudo o melhor possível, seguramente sobraremos na turma do resto." 


Autor desconhecido 

http://www.otimismoemrede.com/cincoporcento.html

 

http://www.motivaonline.com.br/artigo/48008-os-cinco-por-cento.html - outro texto mais curto

FOCO

 

Foco 

Por Jim Mathis

 

Tempos atrás fui surpreendido pelo entendimento proporcionado por uma história em quadrinhos, retratando uma pessoa com grande dificuldade para concentrar o foco em uma única tarefa. O personagem tentava desesperadamente – e falhava miseravelmente – lidar com todas as situações que requeriam sua atenção ao mesmo tempo.

 

Parece que está se tornando cada vez mais difícil nos concentrar numa única coisa por muito tempo. A sociedade moderna definitivamente tem nos levado a manter períodos curtos de atenção. Se assistirmos qualquer programa de tevê ou filme, vamos notar como as coisas se movem rapidamente e o ritmo acelerado do enredo. Um comercial típico de tevê muda as imagens a cada poucos segundos, às vezes menos. A lógica é: se não capturarmos a atenção do indivíduo imediatamente, ele vai se voltar para outra coisa. 

 

Com tantas coisas competindo por nossa energia mental, que vão da Internet passando pelas mensagens de texto e e-mails, é de admirar que ainda sejamos capazes de concentrar o foco em alguma coisa. A realidade, contudo, é que as maiores realizações do mundo foram alcançadas por pessoas que permaneceram focadas numa tarefa até ver seus objetivos ser atingidos.  

 

Realizar múltiplas tarefas simultaneamente, nos dizem, é ótimo. Mas isso simplesmente significa que não estamos empregando cem por cento de nossa atenção e energia em coisa alguma. Muitos acidentes – dirigindo um carro, operando uma máquina ou cuidando de uma criança – ocorrem porque as pessoas se distraem ou tentam fazer mais de uma coisa por vez. Mesmo que não ocorra nenhum desastre, permitir que inúmeras demandas disputem nossa atenção resulta em desempenhos medíocres. 

 

Anos atrás decidi diminuir meu foco profissional. Eu me defini como fotógrafo, escritor e músico. Isso por si só parece muito, mas o que deixei para trás era igualmente importante. O que eu quis dizer era que não iria tentar ser jogador de golfe, jardineiro, pescador ou marceneiro. Sabendo que dispunha de um limitado número de horas por dia, decidi dedicar-me ao que gostava mais e fazia melhor. Em última análise, queria reconhecer e seguir a minha vocação. Desde então descobri que posso definir com clareza quem eu sou, e o que faço tem me ajudado a manter minha vida focada. Afinal de contas, ao contrário de máquinas fotográficas sofisticadas, não somos equipados com “foco automático”. 

 

Há um vigoroso princípio espiritual por trás do desejo de manter foco apesar das muitas distrações da vida. A Bíblia diz: “E tudo o que vocês fizerem ou disserem, façam em nome do Senhor Jesus... O que vocês fizerem façam de todo o coração, como se estivessem servindo ao Senhor e não as pessoas. ...o verdadeiro Senhor que vocês servem é Cristo” (Colossenses 3.17,23-24). 

 

Olhando em redor e vendo a maravilhosa criação de Deus, observamos que Ele não fez nada medíocre ou com indiferença. Tudo Ele fez com excelência. Devíamos esforçar para fazer o mesmo.

 

Dirigindo um negócio, servindo a um cliente, construindo um casamento ou criando um filho, precisamos de foco e segurança que o que estamos fazendo, está recebendo toda nossa atenção e  nosso melhor esforço. 

 


Texto de autoria de Jim Mathis, diretor executivo do CBMC em Kansas, Missouri e em conjunto com a esposa Louise dirigem uma Cafeteria. Tradução de Mércia Padovani. Revisão e adaptação de J. Sergio Fortes (fortes@cbmc.org.com)

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

A CRIAÇÃO DE MEUS BLOGS

Nesta tarde quente de verão, em que os termômetros registram mais de trinta graus, adentro minha imaginação e percorro meus blogs, os quais os tenho em número até quem sabe exagerado ... todavia, à medida que os fui criando, imaginei funções específicas, as quais passo a detalhar.

Ademais, percebo também que é quando o autor coloca um ponto final no texto, uma nova história começa a ser contada. É o momento em que a leitura vai além do ponto...


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ENTRE LÃS E LINHAS - 06/05/2008 

 - https://entrelanselinhas.blogspot.com/


A partir do momento em que vi meu texto O ATO DE LER referenciado no ENEM 2006 em que, logo na abertura escrevo


Dê-me uma meada de lã e eu teço um agasalho.

Dê-me uma palavra e eu formulo uma frase.

Dê-me uma frase e eu escrevo um texto.

Dê-me um texto e eu componho um livro.


e, a fim de colocar outros poemas os quais versava sobre lãs e linhas, veio-me à mente o título em questão, primeiro blog a ser idealizado, construído e formatado, a partir do que, fotos, trabalhos em tricô e crochê, foram sendo colocados em suas páginas, as quais, gradativamente são acrescidas de atualidade.

Também, tenho de registrar a importância de Élvio na formatação dos blogs, pois, não fora sua presença, paciência em dedicar horas de tutoria, talvez esse trabalho não obtivesse êxito. Sua presença constante, dava-me inspiração para inclusões de textos, fotos e tantos mais, ao mesmo tempo em que pude deixar em destaque que:    

Tecendo lãs - tecelã nas linhas - separando retalhos, vou formatando minha colcha: legado de uma vida entre lãs e linhas agora registrados na tela.    

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07/05/2008 - a quatro mãos

29/05/2008 - detalhes de leituras

29/05/2008 - Rafaela Maria de Oliveira Maldonado

/07/2008 - bibliotecária



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O ATO DE LER COM PROPÓSITO - 24/09/2009 

https://leituraalemdoponto.blogspot.com/


O próprio título sugere o propósito do ato de ler - qual seria ele?

Cada leitor o tem em mente. Para mim, a questão é frisar tópicos dentro da escrita. Abstrair falas do autor, ao mesmo tempo em que colocar minha própria voz, meu próprio entendimento. 

Entre os textos breves que dissemino também pela galáxia internet, através de sites vários, vou compondo meus propósitos de que sem leitura somos defeituosos perante a sociedade. E, a partir desse momento escrevo: 

Os veículos informacionais estão a nosso favor. Ventos que sopram favoráveis a nós são disponibilizados a todo instante. Este é o caso. É o que se propõe, que seja mais uma ferramenta útil a quem a utilizar. Este é o papel do Bibliotecário - disseminar informação, ser partícipe de transformações, interagir a biblioteca, não apenas através de ferramentas técnicas, mas com atributos educativos. Instigar o leitor, levá-lo a perceber que o ato de ler o torna crítico, atuante numa sociedade carente de valores éticos, morais e participativos. A biblioteca como espaço formador de leitores críticos. Este é o meu objetivo, quando se propõe que a leitura vá além do ponto; que ao se fechar um livro, o mesmo aconteça em sua cabeça - que um novo livro venha ser escrito. Uma leitura que não se contente apenas com sua mecanicidade, mas que vá além do ponto. É o que se almeja.

Realmente, uma leitura que vá além do ponto em que o autor finalizou sua obra.

Uma leitura que inspire propósitos, tanto a quem lê, a quem escreve, a quem transcreve e, principalmente a quem venha a exercitar a crítica dentro da sociedade. 

Assim é que, o intuito inicial foi o de estruturar minhas leituras, com resumos, mas avancei em propósitos.



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HISTORIADOR I - 12/09/2009

https://nelsonmartinsdealmeida.blogspot.com/


O Blog foi estruturado para compôr o vasto acervo do Historiador e meu pai, Nelson Martins de Almeida, para que os registros ganhem a galáxia internet e saia dos livros, os quais abarcaram mais de 32 publicações, além de inúmeros artigos em jornais e revistas, assim como exposições históricas, referenciadas. Porque, como o próprio historiador escreveu:

 

"A função do Historiador é trazer à vida, a análise dos fatos já passados, dentro de uma pequena ou grande extensão de tempo". 


Incansável em seus registros, o Blog tenta acompanhar fragmentos possíveis, posto que sua ausência se fez sentir desde 2012, quando, em idade avançada nos seus 94 anos, sua caneta silenciou.

Resta-me agora, a continuidade das referências, tanto as físicas, quanto as virtuais.


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24/09/2009 - São Carlos em imagens

03/02/2010 - Retalhos de Leituras

18/02/2010 - colheita do tempo

18/04/2010 - colheita do tempo em fotos

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 CIDADES FOTOS E FATOS - 14/09/2010 

https://atecer.blogspot.com


A criação do blog Cidades, fotos e fatos, foi inspirada em nossas lembranças entre viagens, passeios, trabalho, onde colhíamos - Élvio e eu - detalhes dos lugares por que passávamos. Hoje a presença do meu companheiro já não mais é possível. Sua partida em 2018, abriu enorme lacuna em meus registros, os quais os quero retomar gradativamente. 

Portanto, o propósito dos registros há que ter continuidade, ainda que mais a miúde. 


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16/09/2010 - Inajá entre retalhos de textos


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ENCONTROS DE PALAVRAS - 12/10/2010 - 

http://encontrosdepalavras.blogspot.com/


A criação deste blog foi necessária para que as aulas da RASC fossem registradas. Foram anos de dedicação aos jovens entre São Carlos, Araraquara e Limeira, quando Élvio e eu pudemos participar de eventos, reuniões entre professores e tantos outros registros que podem se encontrados aqui.

Assim é que, capturo uma fala, a qual vem corroborar com o propósito da mentoria dentro das salas de aulas:

"Numa época em que desacreditados se encontram os que professam ensinar, poder participar desse processo educacional em que o trabalho significa transformar, entendemos que de uma paixão podemos envolver uma equipe na recriação de uma sociedade que almeja altos voos". 

Foi, portanto, um período entre julho de 2010 à setembro de 2021, em que o aprendizado foi constante, principalmente por parte desta que registrou e continuará registrando algumas impressões, ainda que à distância.

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27/10/2010 - momento de ler

15/10/2017 - Historiador II



domingo, 22 de outubro de 2023

APRENDENDO FELICIDADE

 Será que felicidade se aprende? Eis a questão. 

Nesta manhã, ensolarada de domingo 22 de outubro de 2023, percorro minhas estantes de livros e retomo a leitura

"Aprendendo a felicidade: todas as tentativas de Platão ao Prozac" - Mark Kingwell


O livro foi encontrado num descarte em São Carlos  (agosto de 2016) e logo ocupou espaço dentro das nossas manhãs de leituras,  às nossas estantes, aos meus apontamentos.

Agora, decorrido o tempo, caderno de apontamentos em mãos, o dedilhar do computador, questiono o título, reflexiono, coloco meu ponto de vista, agrego outros autores e, em meio a tantos questionares, tento sana a questão: - Será que é possível aprender a ser feliz?   

Bom... De minha parte sempre procuro captar a mensagem do autor e colocar em prática o que me condiz, pois que, se "a vida humana é contar histórias e dar forma à narrativa da vida a partir das matérias primas da experiência, aspiração e contingência..." (pág. 13) posso também capturar imagens para o meu próprio escrever, e me permito o tal ofício da escrita.

 Ademais, professor de filosofia, Mark Kingwell se viu envolvido numa questão proposta por um aluno, o questionar a definição de felicidade.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

LIVROS QUE ME LIVRAM

Sonho é para sonhar!
Vida é para vibrar !
Saúde é para saudar!
Trabalho é para trabalhar!
Liberdade é para libertar!
Livros para ler, para livrar !

por Elvio Antunes de Arruda

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Ah!
Livros que nos livram
quando podemos ir além do ponto
e encontrar entre livros
nossos sonhos.

Quando além do ponto
entre livros vibramos
saudamos nosso trabalho
libertamos das amarras nosso destino

E lemos livros
e livros escrevemos
porque
entre livros nos encontramos
entre livros nos amamos
entre livros nos tornamos
um só!

Inajá Martins de Almeida

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

EVOCAÇÃO DO RECIFE

A vida não me chegava pelos livros
vinha da boca do povo
da linguagem errada do povo.
Língua certa do povo
porque ele é que fala gostoso
o português do Brasil.
Ao passo que nós
o que fazemos
é maquiar
a sintaxe lusíada.

Manuel Bandeira

A PALAVRA

A palavra!
Somente a palavra
tem o poder de transformar
de pintar
de colorir
nossas emoções
nossas expressões.

A palavra!
Somente a palavra
tem o poder de dominar
de registrar
de encantar
de tocar
o mais profundo sentimento.

A palavra!
Somente a palavra...
Digo, contudo
que escrever não é fácil
mas, quando a palavra atinge a rocha
e faíscas são lançadas
aí sim, todo esforço valeu a pena!


Inajá Martins de Almeida

São Carlos - 04 de agosto de 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

LEITURA

A leitura enriquece

a leitura enobrece

a leitura aparece

a leitura acontece

para o leitor acostumado

às artimanhas do texto.


A leitura empobrece

a leitura enrijece

a leitura desaparece

a leitura entristece

o leitor indolente

às tramas do texto.


A leitura segue seu rumo

livros se proliferam

livros, livros e mais livros

"livros à mão cheia"

a palavra se agiganta

o poeta grita e canta

leitura, minha grande ventura.




Inajá Martins de Almeida